terça-feira, 26 de junho de 2012

As duas flores!


Era uma vez duas flores, uma branca e outra vermelha.
Eram únicas, não existiam outras iguais a elas, apesar de viverem em um imenso jardim.
Todos os dias a natureza lhes concedia o sustento, o sol sempre as acariciava com seu calor, o vento soprava e elas podiam sentir todo o movimento do universo através dele, a chuva molhava a terra que as sustentava lhes mandando vida através de seu caule e de sua seiva.
As duas traziam em sua essência a beleza e o perfume de quem as desenhou.
Uma possuía toda a delicadeza e pureza em suas pequeninas pétalas brancas, cinco pétalas angelicais.
A outra transmitia toda a sua paixão através de seu vermelho vivo.
As outras flores do jardim, comuns em suas cores e formas, sempre admiraram aquelas pequeninas por suas singularidades, que davam ao ambiente em que viviam mais encanto e magia, pois como poderia existir duas flores tão diferentes naquele espaço, tudo lá sempre foi tão previsível, tão abandonado por mãos humanas, o nascimento daquelas duas foi o acontecimento mais milagroso que elas já tinham visto em suas breves vidas.
Apesar disto tudo, as duas não estavam felizes.
Nasceram no mesmo instante, através de duas sementinhas idênticas, como qualquer plantinha, o broto deu origem a uma raiz forte, e o outro se dirigiu para o alto vencendo a terra e vislumbrando o céu.
Seus primeiros galhinhos eram iguais, viram - os dois - o mesmo dia com o sol e a mesma noite com sua lua e suas estrelas, cresciam alegres repletas de força e vigor.
Suas primeiras folhinhas eram acarinhadas pelo orvalho da manhã. E as duas ficavam sonhando como seriam sua flores, de que tamanho, qual a cor, como seriam seus perfumes.
Elas apenas imaginavam que para sempre seriam iguais.
Quando num dia de primavera a primeira pétala apareceu em uma delas, as duas se alegraram, seriam brancas!!
Brancas como a neve, brancas como as asas de um anjo, brancas como a pureza de uma manhã.
Mas então, aconteceu algo que mudou tudo entre elas, a outra pétalinha nasceu vermelha.
E agora, não eram mais iguais!
A cada dia, foram nascendo as outras pétalas, transformando-as em duas magníficas flores, mas ao invés de se sentirem abençoadas por isto, esta diferença entre elas foi a sua perdição.
Uma começou a sentir-se mais bonita que a outra, mais especial, de maior perfume, deixaram de perceber que a diferença e a singularidade entre elas é que dava ao jardim o encantamento de sentir-se especial por tê-las no meio dele.
Pobre flores, a benção que tinham recebido se transformou em maldição.
Não queriam mais viver ali, não queriam mais estar juntas, queriam levar-se para outro lugar, outro jardim, em que só existisse uma delas, um jardim para cada uma.
Porém a raiz de cada uma estava sobre a mesma terra, separarem-se era quase impossível, a não ser que a natureza interferisse, o que acabou acontecendo.
Ela enviou seus pequeninos insetos que levaram a essência das duas flores para outros cantos, onde elas renasceram e puderam ter sua beleza admirada particularmente.
O jardim original conserva ainda no lugar onde as duas viviam dois galhinhos secos, símbolo da lenda das duas flores que não puderam se suportar.         

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