quarta-feira, 21 de maio de 2014

Incompleto


Nota da autora - Entre o nascimento e a morte existe um vácuo, dentro dele um nada chamado vida.

O que é a vida senão um vazio a ser preenchido?
Para alguns, abrir os olhos, olhar as horas, olhar papéis.
Para outros ir a feira, atravessar a rua, tomar café, escurecer o dia.
Esse cotidiano de massa que nos devora.  
Para outros, exclamação, ponto final, interrogação...
Os raros percebem logo, que a eternidade é a uma oportunidade que bate à nossa porta, quando no chuveiro estamos. 
Os sábios percebem logo, que feliz é aquele que simplesmente está.
Gosto de frases abertas, que não se completam, que deixam a imaginação falar. Gosto de frases que são como nuvens, que se formam em céus abertos e claros, que dão a oportunidade de viajar.
Gosto de palavras que chegam como as folhas que caem, na estação do outono, uma a uma, formando um tapete onde se pisa.
Gosto de palavras como essas que agora escrevo, que não fazem o menor sentido, como sentido algum há nesse texto, ele não foi feito nem escrito, foi apenas uma mísera vontade de preenchimento, um lampejo de vida, a minha desesperada e também doce tentativa, de amarrar o meu tempo em um poste.  
A minha ida, amarrada e dolorida.
Os meus anseios, as minhas verdades escondidas.
A minha incompletude, a minha impermanência, as minhas linhas que se encontram e desencontram... 
E a borboleta voa bem a nossa frente, quase tromba com nosso nariz.
    

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Transcendência!


Nota da autora - Conheço todas essas carinhas, eles se intitulam "Os mano". Quando vi essa foto, achei tão linda, não só pela imagem, mas por todo o sentido que ela revela.

Sei que já escrevi sobre a amizade muitas vezes, e penso que esse tema é realmente livre para criarmos todas as teorias, ideias que tentem fazer com que entendamos o sentido de termos amigos.
Como seres humanos que somos, vivendo em sociedade, nos é praticamente impossível o isolamento. Precisamos uns dos outros, desde o primeiro momento. Lá no berço ainda. No interior da família em que nascemos.
Conforme o tempo passa, outros grupos vão sendo apresentados a nós. O da escola, do trabalho... da igreja.
Vamos conhecendo e nos adaptando a cada um deles, formando canais de comunicação entre quem está ao nosso redor, porque não realizamos nada sozinhos, precisamos uns dos outros, porque se não for assim, o trabalho final pode até se realizar, mas não será fácil nem prático. 
Tudo se constrói tendo como base um objetivo, e a gente se une para alcançar esse fim. 
Mas aí acontece que pensando juntos, trabalhando juntos, brincando juntos a gente começa a perceber afinidades, e então a vontade de estar perto sobrepõe o horário da escola, do trabalho...da igreja.
Percebemos que além do compromisso assumido, queremos estar perto do outro, ficamos felizes quando o outro chega, não existe mais a formalidade que os lugares em que nos conhecemos nos provoca, e queremos estar só por estar. Isto se torna então um prazer.
Nasce então a amizade.
A amizade é algo que transcende, vai além do que estava pré estabelecido, que independe da distância ou do tempo que possamos ficar separados, porque o que uniu foi a construção da confiança, do que vemos de nós no outro, do quanto reconhecemos a importância do outro em nossa vida. 
Sim, é sentimento, é algo que está no toque, no olhar, na alma.
Quando vi essa foto, acho que foi isso que vi, essa transcendência! Que ultrapassa o vazio da distância e os une para a eternidade!



 




segunda-feira, 12 de maio de 2014

Primeiro Amor!



E depois de tê-la esperado por todo o meu dia, agora resolveu aparecer - Bem vinda Dª Inspiração, me dê honra de sua presença!

Veio para me falar de amor. Um amor que nunca aconteceu! Mas nem por isso deixou de ser intenso.
 - O que conta deste amor Inspiração?
Se bem me lembro, chegou sem esperar. Daqueles que num assombro te mostram que você deixou de ser menina, daqueles que te mostram o quanto ficou desinteressante as suas bonecas, as músicas de ciranda. 
Como um dia de sol que te desperta.
Que desperta os seus sentidos, os seis... porquê o sexto sentido aflora e você sabe intimamente que vai sofrer.
Mesmo assim, você se arrisca. Porque não faria isso? Tem a seu favor a ousadia tão comum de quando se é jovem.
E então você se percebe mulher.
Batom, rímel, cabelos, espelhos.
E o seu coração dispara quando sabe que ele vai chegar, pegar o seu violão e cantar canções que ficarão para sempre.
Olhares se cruzam e você espera que sejam mais do que simples olhares.
Ele traz um mundo diferente do que você conhece. Seus sonhos são de liberdade, ele sonha voar, e você viaja pelos sonhos dele, como se fossem os seus.
Mas não são. Você sabe que não são.
Mas porque não embarcar? É loucura, você sabe. 
Mas que loucura boa! Que doce o seu sabor!  
Foram apenas alguns dias, ou terá sido meses... anos?
Durou quanto tempo? Mais tempo do que você sonhou, menos tempo do que desejou.
Foram dias felizes, diferentes, com sabor de morango e chocolate.
Ele alçou voo, e você não pôde acompanhá-lo.
Lágrimas vieram, mas isso já era uma certeza, e mais certeza você teve que a dor nunca passaria.
O coração da mulher ainda era da menina, não se preparou para o adeus, apenas viveu.
E vivendo aprendeu.
O tempo passou, a garota cresceu, outros amores vieram e se foram.  
E hoje, o amor está novamente presente.
O amor é algo pelo qual se vale à pena, mesmo que nos conduza ao inferno dos nossos dias.
Hoje você sabe.
É algo que não está no outro, mas em nós mesmos. Temos em nós essa imensa capacidade de sentir amor, mas precisamos de alguém que nos desperte, que nos mostre o caminho.
Foi isso que aquele rapaz fez por você. Despertou o seu amor, te mostrou o caminho.
E por isso ao ouvir as canções que ficaram para sempre, você lembra dele com um sorriso no rosto.