Quando Deus concebeu a humanidade, Ele sonhou antes com um Jardim. Seu primeiro sonho, sua primeira realização.
Depois Ele nos fez, a sua imagem e semelhança. Temos em nós, o mesmo sonho de Deus. Por conta de uma maçã, nos perdemos do sonho.
Escolha, consequência.
Desde que o mundo é mundo, tem sido assim. As nossas escolhas, fazem o nosso caminho. E a gente se perde do Paraíso.
Porém, eu acredito que a humanidade precisa de maçãs. Porque se formos pensar bem - e me permitam usar de minha liberdade poética - se Eva não a tivesse comido, se Adão não houvesse desobedecido, onde estaria a nossa evolução? Continuaríamos a brincar numa vida ilusória, onde tudo é feliz, onde não existem problemas, onde tudo é esse paraíso que sustenta a criatura de barro... Mas não somos barro. Somos carne, suor e sangue! Somos seres em movimento! A maçã foi apenas um impulso para a roda da vida girar.
Sendo assim, coitadinha da serpente! Colocamos toda a culpa sempre nela! Mas, ela apenas mostrou o que poderia ser... e foi! Por uma escolha, que não foi feita por ela, mas por nós! Erros e acertos!
E aí.. o portão foi fechado, e não pudemos voltar. Para aquele paraíso, não mais.
Porém, Deus não nos afastou do sonho. O sonho do jardim está em nós, porque nós somos o jardim! Apesar de muitas vezes escolhermos errar, com a intenção sincera de acertar, está em nós cravado, esse Paraíso.
Muitas vezes decidimos por um caminho torto, onde o erro nos afasta do que julgávamos o nosso lugar. Nos sentimos tristes, sozinhos, culpados, excluídos, revoltados... mas foram as nossas escolhas.
Outro dia, meu filho veio para mim chorando, porque a irmã tinha lhe dado uma palmada na perna. Perguntei o que ele tinha feito para merecer o tapa. A resposta foi que ele tinha "pentelhado" ela.
Quem escolhe "pentelhar", tem que entender a consequência da palmada. Não que bater tenha sido uma escolha correta, também não foi, porém, existe uma outra lei, que não podemos esquecer; nesse caso pode-se dizer que foi literalmente física, o da "ação e reação".
Pediram desculpas, e a vida deles continuou, entre "pentelhações e tapas", eles encontraram seu paraíso.
É apenas um exemplo cotidiano, para dizer que, esse Paraíso fundamental, não é um lugar que possa ser encontrado, mas um estado de espírito que precisa ser conquistado. Precisamos perceber que independente das serpentes e das maçãs, nós podemos construir esse jardim em cada passo de nosso caminho. Afinal a vida da gente é assim, "um eterno recomeço... temos que continuar, mostrando a todos a nossa fibra, a nossa capacidade de refazer o que se desfez, e reconstruir o que se perdeu."
E eu sinceramente acredito que, é esse o verdadeiro sentido daquilo que "Deus viu que era bom!"
