quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O Deus do silêncio!


Estou mergulhada em meu silêncio!
Se sou semelhança de Deus, então o meu Deus é o do silêncio.
É neste banco solitário que nos encontramos, que nos entendemos.
No princípio eu pensava ser esta uma busca cruel, sem nunca ter uma resposta favorável as minhas tantas perguntas. Na verdade muitas vezes eu me perguntava se Ele me ama, se Ele me escuta, ficava aqui me sentindo abandonada por Ele, em meu banco do silêncio, com minha cabeça barulhenta formulando as mais fantásticas teorias do porquê tinha que ser assim.
Só que percebi que eu sou assim.
Eu sou o silêncio, eu sou observação, eu sou reflexão. Se eu sou assim, porque desejo um Deus ao contrário de mim?
Estou aprendendo a reconhecer o Seu amor e o Seu respeito por mim em Seu silêncio.
Aprendendo que o meu caminhar ao lado Dele deve ser um caminhar leve, nada de bagagens pesadas, nada de coisas acumuladas, que muitas vezes nem são minhas, nem Dele, apenas mãos vazias.
Nada de expectativas que frustram ou cobranças que envenenam o que é puro.
Assim como me deu livre arbítrio, também eu O deixo livre, para me amar como quiser, mesmo sabendo que o Seu amor é imenso e que para Ele muitos outros existem. Com outros Ele deve ser expansivo, Ele deve ser mais alegre, sociável, quem sabe até "falador", totalmente ao contrário de mim. 
Ainda assim sei que me ama, porque para Ele eu sou única em meu silêncio.
Talvez eu esteja caminhando de encontro a uma sabedoria mais profunda, aquela que não faz mais perguntas, porque sabe que não há respostas. Talvez eu esteja mergulhando com mais confiança, saltando com mais fé.  
Então como não amá-lo assim?   
Amo esse Deus Jardineiro, que não é de muito falar, mas que é de muito sentir. Amo esse Deus Garotinho que gosta do sabor das coisas, que se lambuza em mexericas, que reflete, que observa. Esse Deus maravilhoso que por amor à mim, colocou um banco nesse jardim de contemplação onde nos sentamos juntos à sombra de ipês amarelos e ficamos nos falando em silêncio!