quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Legado





Uma vez escutei uma frase de um grande amigo que disse assim:
"Como não tenho dinheiro para viajar, porque se eu pudesse passaria a minha vida viajando, descobrindo e conhecendo novos mundos, eu leio. Busco nos livros realizar este meu desejo."



Talvez este seja o desejo de muitos, que como ele, tem esta ânsia por conhecimento, que não se conformam com uma sociedade que tão pouco valoriza a educação e a cultura.
Ler... sinônimo de reconhecer, perceber, sentir...
Reconhecer que fazemos parte de um mundo muito maior do que nos oferecem.
Perceber que podemos edificar de uma melhor maneira este mesmo mundo.
Sentir que isto nos realiza.
Precisamos buscar meios que nos façam crescer como seres humanos.
Vivemos brigando para que reconheçam os nossos direitos, mas a melhor forma para isto é auto reconhecermos que também somos falhos, que somos cômodos em nossas pequenas paredes.
Ler um bom livro, ir ao teatro, visitar uma exposição, cinemas, parques.. há tantas possibilidades!
Precisamos dar-nos o alimento da arte, pois é através dela que a humanidade ainda existe.
Arte pressupõe criação, somos criaturas formadas à partir do desejo de um Artista Maior, e penso que temos em nós esta marca que nos eleva a sermos também criadores ou pequenos artistas, que podem sim recriar o que nos parece feio e sem vida.
Reconhecer isto pode nos guiar para o que já foi um dia a nossa herança, e é também o que deixaremos de legado para os próximos que viram.

"O ator ( ou artista ) deve trabalhar a vida inteira, cultivar seu espírito, treinar sistematicamente os seus dons, desenvolver seu caráter; jamais deverá desesperar e nunca renunciar a este objetivo primordial: amar sua arte com todas as forças e amá-la sem egoísmo."
Constantin Stanislávski

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O poeta

"...Olhem os pássaros do céu: eles não semeiam, não colhem, nem juntam em armazéns. No entanto o Pai que está no céu os alimenta.
Será que vocês não valem mais do que os pássaros?
...Olhem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, porém, lhes digo:
nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles."

Fico imaginando ao ler este texto ( me perdoem porque a minha imaginação voa ), que este homem que disse essas palavras, deve ter ficado diante de um lindo campo aberto, repleto de lírios, ouvindo os passarinhos, que iam e vinham dos seus ninhos, e se entregado a este momento de contemplação, dando graças a Deus que está nos céus, por mais uma lição aprendida, vinda de um lugar tão singular como a natureza.
Ele fez o seu silêncio, contemplou o que era belo e deu graças ao Grande Artista.
E depois saiu para ensinar aos homens, o que sua sensibilidade havia aprendido.
Em minha modesta opinião Ele era um poeta!
Que apreciava as coisas simples, que conseguia ver além do que a imagem refletia aos seus olhos, que sofria com o sofrimento da humanidade, e que buscava no silêncio do seu coração a sabedoria que julgava não ter.
Simplesmente um homem..
Que em sua caprichosa imaginação ousou sonhar com um mundo maravilhoso, de direitos iguais, de sonhos iguais, de conquistas iguais.
Talvez utopias, talvez inocência..
Gosto de imaginar que foi conosco que aprendeu a sorrir e a chorar, que foi com a nossa humanidade falha que aprendeu a ser perfeito, e que através da simplicidade de uma flor conseguiu nos ensinar uma das suas lindas lições de entrega e fé.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Essência ou idéia principal

Começo este texto citando um trecho do livro Comer, Rezar, Amar de Elizabeth Gilbert:
" Lembro-me de algo que li certa vez, algo em que os zen-budistas acreditam. Eles dizem que um carvalho é criado por duas forças ao mesmo tempo.
Evidentemente, há a pinha onde tudo começa, a semente que contém toda a promessa e o potencial e que se transforma na árvore. Todo mundo pode ver isso. Mas são poucos os que conseguem reconhecer que existe outra força em ação aí também - a futura árvore em si, que quer tanto existir que faz a pinha nascer, usando seu desejo para fazer a semente brotar do nada, guiando a evolução da inexistência à maturidade. Pensando assim, dizem os zen-budistas, é o carvalho que cria a pinha da qual ele próprio nasceu."
Penso agora na evolução de uma lagarta, um bichinho feinho, que rasteja, que é frágil, que para sua sobrevivência, queima quem o ameça, mas que trás dentro de si a essência da borboleta.
Talvez ela não saiba que dentro dela existe um ser que pode voar, que pode ser belo... mas, um dia a natureza se encarrega de fazê-la descobrir isto.
Conosco, é um pouco mais difícil, porque ao contrário da lagarta que sofre essa transformação de maneira natural, nós temos que trabalhar muito para que essa descoberta nos ocorra.
Talvez uma vida inteira...
Mas o que é uma vida inteira?
Voltando a comparação com a linda borboleta, o que ela vive pensando que é uma morte, na realidade é o fim de um processo.
Também a nossa vida pode ser comparada a vários processos, e cada processo em sua totalidade uma vida que se concluiu.
O que buscamos, o que chamamos de felicidade, já está em nós, faz parte da nossa existência, é a semente que já existe, mas que nós em nossos caminhos, em nossas escolhas, vamos fazendo crescer, contribuindo para nossa própria evolução.
E acredito sinceramente que este seja o nosso papel aqui neste plano, consagrar o que já foi sonhado para cada um de nós.