terça-feira, 28 de agosto de 2012

Oração

Começo este texto pedindo perdão por esta imagem. Nossos olhos não estão acostumados a enxergar a vida desta maneira, mas eu precisava de alguma forma expor o que senti...

Já havia algum tempo, eu e minha família estávamos planejando uma visita a cidade de Aparecida do Norte, a oportunidade acabou surgindo no último sábado.
E quando sabemos que vamos fazer uma pequena viagem a um lugar que representa nossa fé, a gente vai se preparando antecipadamente.
Vai arrumando a casa interna, colocando as coisas no lugar, desarrumando outras com a esperança de que Deus as organize.
Não fazemos apenas uma viagem para O lugar, mas também somos este lugar.
Então eu fui fazendo uma pequena lista dentro de mim - bom, pequena estou sendo modesta - seria realmente uma longa lista do que eu julgava ou ainda julgo serem importantes para mim.
Um ou outro sonho, pedidos de saúde para mim e para um monte de gente, uma ajudazinha no financeiro, sonhos particulares de outras pessoas, enfim, muito à pedir, mas também muito a agradecer. 
E assim fomos nós, eu, meus filhos, meu marido, minha sogrinha, meus cunhados e cunhadas...
Depois de horas de carro - e isto já abala a minha pouca fé - chegamos à Aparecida do Norte, sob um sol escaldante.
O Santuário de longe se avista, assim como centenas de ônibus levando romeiros, milhares de carros de várias cidades, um formigueiro humano sobre um pequeno pedaço de terra.
Me permitam aqui falar que não pude evitar de pensar naquele filme - O Todo Poderoso - em que o protagonista começa a ouvir pedidos de todos os lados formando um verdadeiro tumulto no cérebro do pobre coitado. E eu confesso que minha pouca fé imaginou como Deus poderia ouvir a todos nós.
Confesso também que tudo que pensei em falar para Ele se foi, eu era apenas um corpo dentro daquela imensa igreja ouvindo o que Ele queria falar para mim, através da voz de outro alguém.
Me lembro de ter pensado assim: então, não preciso pedir nada, porque Você sabe do que necessito, as minhas necessidades estão aqui, assumiram esta forma que se chama Lilian, está tudo intrínseco a mim.
Assim como estava entre as tantas milhares de pessoas presentes ali.
Cada um com suas doenças, suas carências, seus pedidos, seus agradecimentos...
Mas eu me arrisco a pensar que os pedidos eram bem maiores que os agradecimentos.
E me arrisco porque temos fome!
Sim, temos muita fome... dessas que chegam a doer, que chegam a nos tirar tudo que somos.
Podemos mentir a nós mesmos dizendo que temos tudo, mas na verdade não temos nada.
Somos pobres, somos mendigos clamando por alimento.
Um alimento que nos liberte de nossas prisões, que nos alivie deste mundo, que nos salve de nós mesmos.
Temos muita fome...
Na hora da comunhão eu vi com minha tão pouca fé, olhares famintos para aquele Corpo de Cristo. E confesso, me senti compadecida por aqueles olhares. Porque eles refletiam tanto esta fome que no esmaga.
Necessitamos do pão por inteiro, e não apenas migalhas que este mundo nos dá. Pensando bem ele nem nos dá, nós é que rastejamos por nada. 

Esta então é a minha oração que nunca se acaba, Te peço Senhor : saciai a nossa fome.
Eu tenho sim, mil motivos para Te agradecer, não quero parecer uma filha ingrata, mas não tenho vergonha e nem orgulho que me impeçam de dizer - Olha para nós e sacia a nossa fome!
Amém!
 


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