sexta-feira, 16 de março de 2012

Oceano

Inspirado no filme "Como se fosse a primeira vez" 


As vezes a gente está a tanto tempo com uma pessoa que certas coisas começam a ficar no esquecimento.
Poderia ser qualquer tipo de relacionamento, mas hoje falo da relação homem-mulher.
Veja bem, porque quando uma relação tem início tudo é primavera, ou verão, dependendo do quão é quente e intenso o que se vive.
Se der certo, se as "escovas de dente" se adaptarem, as pessoas tem grande chance de passarem muitos anos juntos, e isto é muito bom, ninguém nasceu para ser sozinho, mesmo aqueles que escolheram dedicar a sua vida a uma outra causa que não seja viver na dualidade, estaram sempre desempenhando uma outra forma de relacionamento, uma outra maneira de amar, mas isso é matéria para outro texto.
O certo é que quando duas pessoas decidem ficar juntas, muitas coisas acontecem.
Primeiro, e com certeza uma bem complicada é a da tal "fase das escovas de dente", porque ninguém é igual a ninguém, e graças a Deus que é assim, putz, seria muito chato ter alguém exatamente igual a mim do meu lado.
E com isto um pouquinho daquele encantamento vai se perdendo - "não acredito, ele deixa a toalha molhada sobre a cama" , "é assim que você acorda de manhã?" , "teria como, pelo amor de Deus, você não fazer esse barulho quando come? 
Coisas que não se sabiam, ou melhor, não se enxergavam antes, começam a ficar bem nítidas agora, caramba, porque só agora?
Mas, se soubéssemos antes, isso nos impediria de querermos ardentemente aquela pessoa tão maravilhosa e linda do nosso lado? Penso que mesmo assim, a decisão seria quero, quero, quero muito!!
A vida a dois realmente não é nada fácil, responsabilidades aumentam, contas triplicam, especialmente quando Deus nos presenteia com filhos.
E queridos, não há nada mais broxante, do que fraldas e choros nas madrugadas.
Há de se ter muito amor nesta hora para resistir a uma mulher que já não se produz mais, porque está muito preocupada em ser alimento, e um homem que vê seu dinheiro evaporar sem nem sentir o gosto de tê-lo nas mãos.
É, eu sei, é apavorante...
Isso sem falar das famosas e não lendárias crises dos 2 anos, cinco, dez.. e por aí vai.
Bom, o encantamento com certeza desapareceu, depois de tudo isto, não há encanto que resista.
Aquele oceano que mergulhávamos sempre que a outra pessoa estava perto, deu lugar a um barquinho de madeira onde passamos a viver. Porque é bem mais seguro estarmos ancorados, do que viver a mercê das ondas, completamente "deixa a vida nos levar".
E a gente pensa, meu Deus, em que barco fui me meter?
Aonde está aquela sensação que eu tinha quando ele/ela estava para chegar? O coração descompassado, a mão que suava, aquele desejo de beijar a boca, de falar coisas totalmente sem sentido, ou ficarmos calados sem culpa alguma, somente sentindo o prazer de sua companhia, de rirmos por nada, de olharmos para o céu e contarmos estrelas, de sonharmos com o futuro.
Acreditem, se houver amor para resistir a tudo isto, este contentamento ainda estará lá. Talvez um pouco amadurecido, e com isto mais forte e mais vivo.
Talvez também, precisemos tirar certas amarras, perceber que podemos sim, viver além das responsabilidades. Tirar o pó, e ver o brilho renascendo.
Perceber que está na hora de abandonar o barco e voltar para o oceano, mergulhar de novo em águas profundas, ver a beleza do azul infinito e tudo que este mar oferece, experimentar novamente todas as sensações, a experiência do primeiro, do novo, como se fosse a primeira vez!

( Ao meu marido lindo que sempre me ensina que a vida é tudo de bom )

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=A8tELjNJCyU

Nenhum comentário:

Postar um comentário