quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Bolhas de Sabão


Quando eu era criança...
...uma das minhas brincadeiras preferidas era soltar bolhas de sabão.
Primeiro que era muito bom brincar com água e se molhar, depois colocar um pouquinho de sabão ou detergente, misturar e fazer a "mágica" de ver aquilo se transformar em uma bolha que ia subindo, subindo, sendo levada pelo vento à dançar, refletindo tantas cores e luzes, e em certo momento se romper fazendo com que pequeninos pingos se dissolvessem no espaço a que se dirigia o meu olhar.
Olhos surpresos, olhos curiosos e felizes..
O que me surpreendia é que, uma nunca era como a outra, nunca refletiam as mesmas cores, cada uma tinha sua beleza singular, e cada uma dançava em seu ritmo e se rompia sem eu esperar. A vida de cada uma tinha um certo tempo, mas nesse tempo elas tinham e transmitiam uma alegria, que faziam com que a criança que eu era, sempre desejasse retornar à brincadeira para vê-las dançando novamente.
Nunca me passou pela cabeça indagar se elas não se incomodavam com a brevidade do seu tempo, eram apenas aqueles instantes em que o meu sopro dava vida à elas para que pudessem voar.
Apenas alguns instantes para mostrar-me tanta beleza, tanta leveza, me ensinando que não importava o tempo , importava apenas o quanto foi lindo, e por serem lindos se fizeram importantes aqueles momentos que nunca se repetiam, e que até hoje estão gravados na minha caixinha de  memórias felizes.
Talvez aquele mistério que envolvia aquela criança que eu era, seja o que hoje me move a escrever estas linhas.
Talvez a nossa vida seja feita algumas vezes de pequenas bolhas de sabão. Saber reconhecê-las quem sabe, nos dê o impulso de querer viver com mais alegria, com mais intensidade, com mais esperança e principalmente com mais reconhecimento, mais generosidade, mais compreensão.
Rubem Alves diz que o que a memória ama se torna eterno.
As bolhas de sabão de minha infância, apesar de serem efêmeras, se fizeram eternas, porque eu as amei. Cada uma delas, em cada momento de cada uma delas!
Crianças serão sempre seres intuitivos, sensíveis e curiosos, coisas que nós adultos com o tempo vamos desaprendendo.
Talvez valha a pena fazer a experiência das bolhas de sabão. Tentar observar o que move o sopro nosso de cada dia, olhar com curiosidade o que nos acontece, não nos levar tão a sério, fazer de cada momento o mais rico, o mais sincero.
A vida é tão breve.
Vivemos tão preocupados com o amanhã que nos cegamos para as coisas simples que vivemos a cada dia.
Um pensamento budista nos ensina o exercício do "aqui e agora".
"Aqui e agora" estou em meu trabalho fazendo o que posso de melhor. "Aqui e agora" estou com meu filho e farei desse momento algumas horas de prazer. "Aqui e agora"estou diante do meu computador deixando com que a experiência das palavras me revelem o que a inspiração quiser me dizer.       
E não importa o tempo que dure, se foi belo, se foi importante, se dê alguma forma nos fez crescer, refletir, se nos ajudou, terá valido à pena.
Citando Rubem Alves - meu querido poeta dos jardins - ainda uma vez:  "Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida".

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