segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Fênix


“Deus diz:

Quem me procura, encontra.

Quem me encontra, conhece.

Quem me conhece, ama.
...

Quem me ama, é amado por mim.

Quem é amado por mim, é destruído.”

Kazantzakis de Sidna Ali
 
 
Nascemos!
Porque a vida nos chamou à existência.
Crianças, a gente não se perde pensando em razões para explicar o porquê de se existir, apenas somos.
Somos brincadeiras, somos curiosidade, somos amizade, somos vida sem preocupações, afinal a comida vem na hora certa, quando estamos doentes o remédio vem na hora certa, para o nosso choro há o consolo, cuidam para que a gente não se machuque, nos cercam de amor e carinho, não nos falta nada, tudo nos provêm, bom, pelo menos na maioria dos casos, é claro que há excessões, mas isto deixo para outro texto, em uma outra oportunidade.
Pensando assim, que lindo mundo é a infância!
Para as crianças existem os pais, e os pais ensinam que além deles existe um outro Pai, e que este Pai mora no céu e também dentro da gente,e a gente aprende que este Pai também cuida da gente, porque nos ama mais do que tudo. E a Ele somos apresentados.
Não com um aperto de mão, nem um abraço, muito menos um beijo... apenas algumas ideias, nos ensinam que um dia Ele veio ao mundo e deu a vida por nós, e ensinou que a maior riqueza do ser humano é o amor. 
Até que é fácil entender isto, porque até este momento só conhecemos o amor mesmo, e acho que nem importa muito que a gente nunca O veja, a vida desponta à nossa frente, nos convida, nos enlaça, nos mostra tantos caminhos, e a gente sabe que Deus nos ama, e ponto final.
Mas aí acontece que a gente cresce e a vida nos apresenta ao mundo, e neste momento a gente faz uma bagunça danada... são muitas possibilidades, são muitas pessoas, são muitos caminhos, milhões de pensamentos, trilhões de sentimentos e a gente nem lembra que pais existem, este que fica no céu então, Pobrezinho, fica abandonado.
E a gente O esquece.
Mas Ele não esquece a gente. Fica lá só observando, cuidando, protegendo, e porquê não se perguntando: Até quando? 
Até quando vai Me deixar de fora? Até quando vai colocar sua armadura para as lutas da vida e esquecer o Escudo e a Lança? Até quando vai fazer de conta que Eu não estou aqui, e que não precisa de Mim?
E então, depois de muitos caminhos, vencidos pelo cansaço, a gente se lembra das noites da nossa infância, aquelas que durante muitos anos nos encontravam depois das brincadeiras, em camas quentinhas de aconchego e calor. E nos lembramos que já fomos felizes sem ter quase nada, eu disse quase nada? Engano. Tínhamos tudo! Esperança, Sonhos, Fé!
Mesmo que a gente não entendesse o real significado destas palavras, tínhamos o que mais importava, um coração que sabia viver a Fé mesmo sem entendê-la.
Porque quando a gente cresce a gente desaprende a fé?
É um mistério que tento entender...    
E então nos lembramos que Ele de alguma forma já fez parte de nós, ainda faz, será?
Começamos a procurá-Lo, mas estamos tão maculados pelo mundo, tão viciados em uma vida que apesar de difícil é tão cheia de prazeres que a nossa procura se torna mais complicada ainda.
É como um ópio  que nos entorpece, que nos tira o foco, e já não enxergamos com clareza. 
Mesmo assim, a procura é legítima e a gente O encontra.
E naõ é um encontro fácil, Ele nos aponta nossas fraquezas, nossas limitações, nossos vícios e os prazeres que nos seduziram. Há dor e há sofrimento, mas também há libertação.
Há também perdão... Ele nos perdoa pelas vezes que nós mesmos não nos perdoamos, pelas vezes que não nos amamos e sendo assim esquecemos que a maior riqueza do ser humano é o amor. 
E assim Ele nos consome, nos transforma em cinzas que são levadas pelo vento, e a gente renasce como uma fênix, que não acaba aqui.
É um processo que vivemos em vários momentos, todos os dias.
Há qualquer instante somos presos em armadilhas, feito pequenos passarinhos, mas Ele vem e nos liberta, e nos faz novamente livres, porque assim é O Seu Amor!  

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