sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sonhos!


"Acredite na força dos seus sonhos. Deus é justo, e não colocaria em seu coração um desejo impossível de ser realizado."
Autor desconhecido

Ela calçou seu tênis e saiu para caminhar. Descobriu que para pensar nas coisas necessitava sair do seu mundo, e ver a paisagem à sua frente. Não que realmente prestasse muita atenção, com certeza se algum conhecido passasse por ela, certamente nem se daria conta. Isso muitas vezes a classificou como alguém orgulhosa, mas ela apenas sofria de distração.
Sempre foi assim, desde a pré escola. Enquanto todos prestavam atenção na aula, um passarinho a convidava olhar pela janela, ver as coisas claras da vida, perceber as mudanças, ver se o sol ainda duraria enquanto nuvens se formavam anunciando a chuva. Tentava achar o sentido das coisas, criava dentro de si um mundo solitário que a seduzia e ela nunca teve forças para resistir. Ele era bem mais interessante e mais bonito.
Isso a fez sofrer. Porque é claro que o mundo cobra de quem não presta atenção à ele. Ela nunca soube direito como fazer parte dele.
Talvez por isto, apesar de não se adaptar às regras, ela as seguia, porque assim as coisas tinham que ser.
Foi assim que a ensinaram, e foi assim que ela aprendeu a viver.
Mas o seu coração era como um animal enjaulado. Andando de um lado para o outro, sem nunca chegar a lugar algum.
Mas a culpa era dela, sempre foi. Quem mandou ficar sonhando, enquanto o mundo girava?
Enquanto todos caminhavam para o mesmo lugar, assistindo sempre aos mesmos programas, ouvindo sempre os mesmos discursos... quem mandou querer andar na contra mão? 
Só os loucos fazem isto. E ela não podia ser louca, isto não lhe taria paz, nem alegrias, nem conquistas.
Isto só lhe daria incertezas, medos e ela queria sentir-se segura.
E ela buscou estar segura. Arrumou um trabalho, casou, se realizou como mulher, e alcançou através da maternidade a plenitude do amor. Nada mais necessitava. Estava tudo certo. 
Então, a criança que um dia ela foi e que adormecia dentro dela, veio para dizer-lhe que havia se distraído enquanto ela brincava de ser igual a todos,  lembrá-la que a vida nunca se completa, e que necessitamos estar em movimento. Aquela que se distraia com a vida que acontecia, veio para lhe mostrar que ainda estava viva, e que dentro do coração ainda nasciam sonhos, e estes impacientes como recém nascidos lhe tirariam o sono muitas vezes durante a noite, procurando seus seios, necessitando de cuidados e força e fé.
Ignorá-los seria como dizer não à sua essência, seria como não atravessar a ponte que a conduzia ao que há de mais perfeito e que liga o homem à Deus. 
E foi em tudo isto que ela pensou enquanto se dirigia às arvores, às flores e aos cheiros daquela manhã. 
Quando chegou ao parque, o sol já brilhava e muitas pessoas já estavam correndo atrás dos seus desejos. 
Mas ela não desejava nada, apenas sentia que o mundo sempre exigiria uma posição do ser humano, mas isso não poderia impedir ninguém de ir um busca do seu tesouro pessoal, e pensando assim se sentiu em paz.

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