terça-feira, 5 de novembro de 2013

Cantarei o que vivi, celebrarei o que venci!

"...Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar 

Ao andar se faz caminho
e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca
se há de voltar a pisar...

...Quando o pintassilgo não pode cantar.
Quando o poeta é um peregrino.
Quando de nada nos serve rezar.
“Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar…

Golpe a golpe, verso a verso."

Cantares - Antonio Machado


Uma das lições que a vida nos ensina é esta: aprender a andar.
Primeiro rastejamos pelo chão, depois aprendemos a engatinhar, e então ainda que parecendo robozinhos, buscando o equilíbrio, nos colocamos em pé e damos nossos primeiros passos.
Caímos muitas vezes, mas a criança que somos nos levanta, insiste conosco, não desiste, ela quer que vençamos, e a gente vence.
É engraçado pensar em como as crianças são seres bem mais corajosos que nós adultos, talvez por inocência, elas enfrentam muito melhor as quedas, ainda que se machuquem. Já observaram um bebê em seus primeiros passos?  Ele cai, e às vezes nem chora, já vi até alguns que riem do próprio tombo, é a sabedoria infantil sempre nos ensinando que rir de si mesmo às vezes pode ser um bom remédio. Talvez também, porque as crianças ainda tragam dentro delas aquele frescor da divindade, é pena que ao crescer a gente vá perdendo ou esquecendo como é sentir-se sábio. Apenas por ser, as crianças são porque são, genuínas e autênticas.
Acho que o mundo se encarrega muito bem do papel de apagar de nossa memória o quanto já fomos fortes, o quanto já fomos sábios e corajosos. 
Por vezes, desejamos tanto alguma coisa, mas o medo de avançarmos em direção ao que queremos nos freia e então nos martirizamos pensando no que poderia ter sido. Temos medo de enfrentar os possíveis tombos, mas eles são inevitáveis para pessoas que caminham. 
Aprendemos isto quando crianças, lembram-se?
Talvez seja tempo de abrirmos os arquivos de nossas memórias, e desengavetar alguns sonhos, projetos... eles não sairão de lá sozinhos, precisam de nossos braços e pernas e pés. Não há outra maneira, assim como quando crianças, apenas nós podemos dar os primeiros passos, houve até quem nos desse a mão, nos sustentasse, mas não há agora, nossos passos nascem da coragem em enfrentar o caminho. 
Caminho que ninguém trilhará por nós, podemos até seguir alguns exemplos, porque estradas que se abrem ficam para serem observadas, mas o desafio também está em abrirmos a nossa própria, porque ela é nossa, particular e única.
Ele será difícil, teremos momentos de desespero, de desamparo, em que pensaremos em desistir, em que olharemos para trás e nos perguntaremos quais as razões para tudo isso, serão nossas encruzilhadas, benditas ou malditas, em que anjos ou demônios nos abraçarão, nos incentivando a continuar, ou nos aconselhando à voltar atrás.
Dependerá de nós, do quanto ainda acreditamos que possa valer à pena continuar a sonhar. 
 E como diz o poeta "golpe a golpe" venceremos as pedras, "verso a verso" escreveremos nossa história!  
Cantarei o que vivi, celebrarei o que venci!







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