sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Esperança!


A semana tinha sido difícil.
As coisas não correram como planejado.
O desânimo se aproveitou do momento de fraqueza e como um hóspede - apesar de não ser bem vindo - se instalou com toda a liberdade. 
Se apoderou da sala de estar, dos quartos, ligou a televisão, invadiu a cozinha. 
O dono da casa não tinha forças para conversar com ele, para dizer-lhe que não o queria ali, e este foi lhe roubando a vontade e a disposição.
Fechou as janelas - impediu o vento de trazer nova brisa.
 Fechou as cortinas - impediu o sol de trazer novo brilho e aquecer o que estava frio.
Se apoderou da liberdade, do ir e vir, e tranquilamente se colocou como um amigo, dizendo-lhe para não se preocupar, que a vida era assim mesmo, que as coisas acontecem e não há nada que se possa fazer para impedi-las. 
Lhe emprestou o seu ombro para que o outro chorasse lágrimas que nunca secariam. 
Lhe deu de comer o que nunca satisfaria a fome. Água que nunca saciaria a sede.  
Como um vício ele foi se tornando dependente daquela companhia e foi acreditando naquelas doce palavras de sedução, em que a única intenção era puxá-lo para mais e mais baixo.
Então, quando tudo parecia estar perdido, em um momento de distração do cruel amigo, em um momento em que a gente não explica, um pequeno anjo quis bater-lhe à porta.  
E ele foi abrindo devagar, muito devagar, porque já não estava mais acostumado a claridade do dia. Seus olhos já não podiam com a luz e pouco a pouco ele foi se acostumando à ela. E enxergando a luz, ele viu diante dele uma criança que o convidava a sair. 
Tinha medo, muito medo em segui-la, mas os olhos dela... onde foi que ele já tinha visto aquele olhar?
 Há quanto tempo?
Ela lhe estendeu a mão, e ele viu pequenos dedinhos puros e sinceros.
Não teve como resistir a eles!
Então saiu, sentiu o vento, o calor do sol, a beleza do dia, o cheiro da vida que há tanto tempo ele havia deixado.
Pisou descalço sobre a grama verde, molhou os pés no riacho e encheu o peito daquela manhã!
A criança sorria para ele, e ele sorriu para ela.
Reconheceu naquele sorriso, o homem que havia sido e que ela o devolvia.
Quando retornou para sua casa já tarde, percebeu que o antigo amigo tinha ido embora, abriu as janelas, as cortinas e deixou que o brilho da noite continuasse iluminando o seu coração.
Acreditou em um novo dia. E neste novo dia uma nova manhã, e outras possibilidades, e outras coisas, e novas chances, e nova vida.
 E outras escolhas!
Fechou seus olhos e esperou que o sono viesse. E ele veio, carregado de novos sonhos!
Porque a criança que adormecera dentro dele, veio para lhe mostrar que apesar dele, ela continuava viva, construíra nele o seu balanço, e sonhava brincar em suas sombras.  

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