Começo este com uma pequena indagação.
Porque a gente tem necessidade de razões?
Porque temos necessidade de provar para estarmos certos de algo?
Existe alguma razão em se ter razão?
Porque pensando bem, não precisamos delas, para nada além do que vai a nossa delimitada razão.
Então eu não tenho que ter razões para provar a mim mesma que tenho razão.
Simplesmente é assim que sou, é para isso que sou - uma aspirante entregue as suas proprias razões.
Me perdoem se por agora não me faço entender, é que sou confusa em minhas palavras.
Desde muito pequena meu raciocínio nunca acompanhou a pressa das palavras.
Eu preciso de tempo, tempo para cozinhar o que trago dentro de mim. Tenho medo que ao falar possam de repente as palavras saírem cruas, então eu as retenho, e as mastigo, não existe como ser diferente.
E isso é sofrível, é sim!
Mas em todo sofrimento há de se ter um aprendizado, senão não haveria-lhe razão.
Em meio a este sofrer foi que descobri o maravilhoso mundo das divagações.
Foi assim que descobri o maravilhoso mundo de se escrever.
Fiquei muito tempo em silêncio...
E ainda sou silêncio, até mesmo para mim.
Escrever me revela, faz-me descobrir.
Me coloca diante de mim, e eu me deixo conhecer por mim, por outros.
Descubro que sou muito além do que imagino, - "oxente" ,eu penso, e se penso, existo e se existo preciso provar a minha existência.
Mas entendam, não provar de se ter razão, provar como a gente experimenta um novo gosto, como a gente prova de uma fruta. Melhor seria dizer então, provar "da" minha existência!
O medo?
Sim, ainda me acompanha, ainda sinto o gosto cru das palavras, mas também sinto que estou no caminho, caindo, levantando, aprendendo!
Tem sido maravilhoso descobrir-se e me sentir despida de mim mesma e revelar-me o eu ainda não conheço!
Porque cada palavra escrita é uma surpresa para mim!
Estas são as minhas razões, que não provam em nada que tenho razão.
Porque como diz Clarice - "sou eu que escrevo o que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior e inexplicável."
E se é inexplicável como exigir de mim uma razão?
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