terça-feira, 14 de agosto de 2012

Fragmentos

Hoje tudo se espera, tudo se cria!

Meus filhos já foram para a escola, e a agitação da manhã se dissolveu em um perfeito silêncio.
Apenas a movimentação da vida lá fora continua e não se permite parar.
E não pára porque não existem meios de se conter a vida. Ela vai além do que podemos supor ou imaginar.
Vai além das pessoas que vejo andando pelas ruas, das crianças que passam brincando, dos carros um atrás do outro que eu vejo passando.
Vai além do que vê a minha limitada visão.
Vai além do primeiro sorriso de um bebê até o já cansado de um ancião.    
Este movimento que impulsiona tudo que existe, já atravessa anos e anos e anos...
Este universo que já viu tantas coisas e criaturas, desde tempos remotos até os dias de hoje, mas que não pára de se surpreender com a força de tudo que insiste em continuar brotando.
Muitas coisas já se extiguiram, outras ainda nem surgiram.
São partes separadas pelo tempo, mas constituem a vida por inteiro. 
Existem porque outras morreram.
Deram seu lugar ou seu espaço para que outra pudesse existir.
São partes de um todo - fragmentos.
Dispersos no universo, mas frutos de uma mesma criação.
Cada um com seu tempo para brilhar, e sendo assim - frágil e efêmero - muito mais admirável, muito mais belo.
É o milagre que por vezes insistimos em não vêr, mas ele acontece a cada fração de segundo, independente se o contemplamos ou não.
A todo instante é morte, a todo instante é vida.
Me ocorreu agora que vejo este ciclo aqui mesmo em minha casa, na minha varanda. Há alguns dias ganhei de presente uma pequena árvore, ela emprestava sua beleza na casa da minha cunhada, mas por razões que só a natureza dela explica, ela estava morrendo dentro de um ambiente fechado. Para tentar salvá-la a trouxemos para cá, onde ela pode receber chuva e sol. Com alegria percebemos que ela novamente adquiriu viço, novas folhinhas começaram a aparecer, mas não impediu que outras amarelassem e morressem.
Nada explica melhor a vida, do que a natureza. 
Nada explica melhor este processo do que a experiência de se plantar um jardim.
No jardim podemos enxergar o que nossos olhos tão acostumados com o cotidiano não vêem.
Esses pedacinhos de tempo que unem e separam a breve existência de cada ser.   
Minha alma, por vezes tão inquieta, hoje resolveu silenciar para aprender ou se lembrar que as vezes é melhor esquecer tantas perguntas, e apenas se entregar.
Entregar e se abandonar nas mãos deste grande mistério que nos divide e nos une, que nos fragmenta e nos reconstitui, nesta grande roda que não cessa de girar chamada Vida.   


Um comentário:

  1. Nem dá pra comentar, sempre perfeito. Adoro seus textos, me inspiram muito.
    Deus te abençoe..
    bjs

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