segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Sombra de Deus

                                                                                    foto Rafael Franceschini

"Certa vez, perguntaram a Albert Einsten qual era a definição da luz.
Einsten, em um de seus mais inspirados e geniais momentos respondeu:
A luz... é a sombra de Deus."


O despertador tocou. Minha mão fez o movimento mecânico de todas as manhãs, silenciando aquele que me acordava. Eu não tinha vontade de sair de minha cama, ela me abraçava e me acolhia.
Abri meus olhos e a imagem do teto veio até mim, representando o nada. 
Fiquei ali por alguns instantes, mas a lembrança de que daqui a alguns segundos "ele" tocaria novamente fez com que eu soltasse um suspiro de derrota e me levantasse.
Abri a janela do meu quarto.
O sol tocava lentamente a cidade. Como o amante que delicadamente repousa e desliza sua mão sobre o corpo de sua amada, na tentativa de acordá-la, assim eu via aquela luz sobre os prédios que amanheciam.
Porém, mesmo nesse momento de intensa beleza, estou respirando minhas fraquezas.
E o hálito que vem é amargo. 
Não quero permanecer forte, visto que não sou, então deixo que a escuridão tome conta e me leve para o fundo do que me cabe.
E tantas coisas me cabem.
Sou um vácuo, um buraco negro.
Ninguém pode ser eu, e eu não posso mesmo ser ninguém, e aí mora a mais verdadeira solidão.
Estou sozinha!
E ninguém virá, nem ouvirá meu grito onde sufoco o medo deste silêncio.
Então, porque me sentindo a pior das criaturas, ainda assim, contemplo essa luz que atravessa os céus, viaja pelo espaço e chega até mim?
E invade meus cantos e porões... e aquece a minha casa vazia?







  

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