Ela caminhou por aquelas ruas estreitas do parque, sentou-se no banco em frente às árvores completamente perdida e sentiu a brisa, que sobre ela trazia o aroma fresco da manhã.
Os primeiros raios de sol, preguiçosos e silenciosos, aqueciam-se e aqueciam o mundo que àquela hora começava à despertar.
Passáros em uníssino agradeciam por mais um dia, enquanto pequenas borboletas coloriam a tela que se desprendia através de uma lágrima.
Procurava um sentido, uma direção, já que tudo que ela acreditava e conhecia se desmonorava.
O que era certo e definido tinha sido quebrado, como um cristal fino que tem em sua beleza toda uma fragilidade contida.
Tão frágil. A vida é tão frágil! A beleza é tão frágil!
Será por isso que a vida vivida intensamente é tão bela, será que é bela pela sua própria fragilidade!
Devaneios!
Ela riu de si mesma.
"Devo estar perdendo o juízo, já não penso mais racionalmente."
Ela ficou por vários minutos olhando o nada, mas então percebeu que não estava sozinha.
Existia uma presença amiga que sentava ao seu lado.
"Mas que coisa - ela pensou - não vê? Quero estar sozinha!"
Mas se arrependeu por este pensamento e emendou:
"Não, não quero... fica comigo!"
E ali, eles ficaram por muito tempo, longos minutos.
Com paciência, ele esperou, e enquanto esperava,olhou para a mesma direção que ela.
Para as mesmas árvores que dançavam ao vento, e os pequenos insetos que voavam em tantas direções.
As pequenas formigas em seu esforço diário, tão alheias aos desatinos dos corações.
Seus olhos eram os dela, e ele viu através dela o sofrimento por que passa um ser humano.
Mas ela também viu através dos olhos dele, uma árvore que se diferenciava das outras pelo seu aspecto pequeno, galhos finos que cresciam até certo ponto, e depois mudavam de direção.
Através dos olhos dele, viu o esforço que aquela pequena árvore fazia para ganhar os céus.
E percebeu que assim como a pequena árvore, também a vida do ser humano é feita de desafios, de riscos, e quando um caminho parece ter perdido o sentido, nos resta mudar de direção.
Respirou fundo, se levantou daquele banco e voltou para sua casa, mas não sem antes pensar:
"Não me deixa sozinha, vem comigo!"
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