Gênesis 2, 4-8
Em um jardim tudo começou, e nós herdeiros desse Jardineiro ficamos com a responsabilidade de continuar a criação.
Poeticamente, porque tudo que leio, reflito, escrevo, tem que ser baseado em alguma beleza - e também sofrimento - fico aqui pensando nesse Deus que não teve receio de colocar a mão na terra para dar forma a alguma coisa que tivesse vida.
Penso no jardineiro que pacientemente cultiva a terra para que ela seja boa, para que dela brote as primeiras sementes, que cuide dessas sementes, que lhes dê o que é necessário - luz, água, sombra - pra que ela cresça e frutifique e dela surjam novas sementes e assim esse ciclo se inicie tantas e tantas vezes.
Mas o primeiro passo é não ter medo de sujar as mãos. Se impregnar do que é bom, que gera vida, mas também do que não é bom. A terra é feita das duas coisas.
Geralmente é mais fácil apreciarmos um jardim já pronto. Repleto de cores, de cheiros, como eu gosto, para ser completo, de borboletas.
É muito melhor passear por esses jardins, do que se ajoelhar perante a terra, e retirar tudo que não presta, e esse não prestar também é muito relativo, porque em se falando de adubo, o pior pode vir a ser o melhor.
Avaliar, ter paciência. Saber apreciar o crescimento lento. Ter coragem para retirar o que não deixa o broto crescer. Cultivar o amor por aquela flor mirrada que se diferencia das outras pela sua pequenez, mas que não a diminui aos olhos do jardim. Ela soma!
Fico aqui pensando nas inúmeras vezes que não nos fazemos verdadeiramente herdeiros desse Jardineiro que plantou esse jardim e nos deu.
Temos medo e receio de colocar a mão na terra. Muitas vezes não queremos nos sujar.
Essa humanidade formada do barro, que precisa ser moldada, trabalhada, amada, é lenta, é cheia de detritos que não a ajudam a crescer.
O que faremos nós diante disso?
É o que me pergunto.
É tão fácil amar o que já é bonito.
Que recompensa teremos nós, por amar aquilo que já é pronto?
Penso que maior lição não pode haver. Esse Cara nos joga na cara o que devemos fazer. Porque Dele somos feito à imagem e semelhança.
E quem lhes escreve agora é uma amante da obra maravilhosa desse Criador, que reconhece muitas e muitas vezes se mostrar impaciente, intolerante para com essas flores que insistem em não querer crescer.
E me reconhecendo assim, vejo também o quanto sou pequena diante desse jardim. O quanto sou lenta. O quanto sou semente que insiste em não querer crescer.
Preciso e precisamos todos uns dos outros.
Nunca conseguiremos crescer sozinhos. Somos jardim e jardineiros!
Vivendo juntos, falhamos juntos, mas também venceremos juntos "e assim voltaremos pra sempre ao seu jardim!"
... Tão "eu"!! Adorei!
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