Já noite.
Tenho me sentido deprimida, triste, sozinha.
Mas tenho uma teoria que pode explicar meus sentimentos.
As palavras, minhas cúmplices, têem me deixado de lado, me colocando num exílio da escrita.
Estou em um deserto, sem ninguém para me oferecer uma gota de água.
Nada me vem, nada... vazio!
Solidão!
Me dou ao luxo de deixar que uma lágrima escorra, quem sabe ela seja a água que ando precisando.
Para lavar a alma.
Para me trazer um pouco de paz.
Mas ela só molha o meu rosto, não me oferece nada de novo, não me acrescenta.
Talvez tenha sido apenas um sonho bom.
Outro dia, li um pensamento interessante, que me colocou no inferno.
Um escritor só é escritor enquanto escreve, o escritor só existe, enquanto as palavras saem de sua mente e passam para o papel, depois disso ele está morto. Dá lugar ao autor.
Eu não quero ser um autor de uma única obra. Eu quero continuar abraçando e amando as palavras que tanto me oferecem libertação.
Eu quero continuar a beijá-las, quero que continuem a me beijar. Quero se que debrucem sobre mim, e me falem ao ouvido, quero que me amem, que me desejem, que façam amor comigo.
Preciso. Necessito.
Porque esse abandono?
Não entendo.
Será que nada mais posso oferecer?
Será que acabou o mistério? A paixão?
A vontade, o desejo?
O que faço eu agora? Estou sem norte.
Perdida!
Quando vocês vão voltar? Quando?
Preciso do nosso caso. Não consigo mais voar.
Não vêem? Estou sangrando!
Não posso mais viver sem a graça de possuí-las.
Chega desse exílio! Esse parto que não se finda!
Quando voltarão a brilhar em minha vida, trazendo novamente a luz para os meus dias?
Mas voltem, se realmente me amarem.
Não me ofereçam apenas as migalhas do que já fomos um dia.
Mas, se podem viver sem mim, vivam então. Em mentes mais brilhantes que a minha. Em almas mais sensíveis que a minha.
Não deixarei de amá-las. Apenas aceitarei amá-las em outros pensamentos que não sejam os meus.